Escutar música pode mudar a qualidade e a duração das recordações

Recentemente, cientistas da Universidade de Boston (Centro de Doença de Alzheimer) revelaram um achado fabuloso que pode mudar a qualidade e a duração das nossas recordações. Escutar música é o grande segredo para a longevidade da memória.

Existem duas teorias para explicar o efeito positivo da música sobre a memória.

Em primeiro lugar, a música tem um componente sensível e, portanto, escutá-la pode desencadear memórias emocionais, que são as mais poderosas que temos.  Segundo, quando aprendemos música, armazenamos esse conhecimento como memória processual, aquela que se tornará automática com repetição e prática, também conhecida como memória muscular.

Curiosamente, a memória emocional parece ser a última a desaparecer e tem maior chance de vir à tona quando pacientes com Alzheimer escutam música. A demência destrói as partes do cérebro responsáveis ​​pela memória episódica, associada a eventos específicos em nossas vidas, mas deixa, em sua maioria,  intactas as partes do cérebro associadas com a memória processual. Como não perdemos essa memória quando envelhecemos, continuamos a apreciar música.
A capacidade da música de estimular nossa memória processual tem como consequência o reencontro do caminho das nossas recordações emocionais e, consequentemente, resgatar e trazer à tona as memórias episódicas que estavam perdidas.  Assim, a música permite que sofredores de demência possam acessar memórias intocadas do passado.

Interessantemente, os pesquisadores descobriram que os pacientes de Alzheimer lembravam  mais facilmente as letras das músicas depois que as palavras tinham sido cantadas para eles, o que não acontecia tão naturalmente quando as palavras tinham sido apenas ditas. Estes pesquisadores sugerem que a música, principalmente através da repetição do ato de escutar, pode aumentar a formação de novas memórias.

Ainda não está claro, no entanto, como a música auxilia a memória.  A primeira hipótese é de que a música auxilia os pacientes a formar novas memórias a  partir da memória processual.  A segunda hipótese é de que os pacientes fortalecem novos conhecimentos ao vinculá-los a emoções.  Uma terceira possibilidade seria uma combinação dessas duas.

 

ALIVE INSIDE:  Um programa para ser assistido

ALIVE INSIDE é uma exploração cinematográfica que demonstra a capacidade da música em despertar nossas almas e descobrir as partes mais profundas do nosso sentimento de humanidade. O cineasta Michael Rossato-Bennett narra experiências surpreendentes de indivíduos com demência que foram revitalizados através do exercício simples de ouvir música. Sua câmera revela a conexão humana única que encontramos na música e como o seu poder de cura pode triunfar em situações onde a prescrição de medicação tem resultados limitados.
Este documentário emocionante acompanha inúmeros visionários em cuidados de saúde, incluindo o assistente social Dan Cohen, fundador da organização sem fins lucrativos Music & Memory (https://musicandmemory.org), que luta para demonstrar a capacidade da música em combater a perda de memória e restaurar um profundo sentido de si para aqueles que sofrem de demência. Rossato-Bennett visita os membros da família que testemunharam os efeitos milagrosos da música em seus amados e oferece entrevistas com peritos, como o renomado neurologista e autor best-seller Oliver Sacks (Musicophilia: Tales of Music and the Brain), além de Bill Thomas, Al Powers, Naomi Fiel e o músico Bobby McFerrin (“Don’t Worry, Be Happy “).
Organizações, indivíduos, hospitais, empresas e educadores de todo o mundo têm hospedado exibições de ALIVE INSIDE. Se você quer patrocinar uma exibição local do filme em sua organização sem fins lucrativos, empresa, escola ou comunidade, por favor, contate: http://www.aliveinside.us/request-screening.

 

Para maiores informações sobre o efeito da música na memória, veja também os seguintes artigos:

 

Peck, K. J., et al. (2016). “Music and Memory in Alzheimer’s Disease and The Potential Underlying Mechanisms.” J Alzheimers Dis 51(4): 949-959.

 

Osman, S. E., et al. (2016). “‘Singing for the Brain’: A qualitative study exploring the health and well-being benefits of singing for people with dementia and their carers.” Dementia (London) 15(6): 1326-1339.

 

Hallam, S. and A. Creech (2016). “Can active music making promote health and well-being in older citizens? Findings of the music for life project.” London J Prim Care (Abingdon) 8(2): 21-25.

 

Ford, J. H., et al. (2016). “The effects of song familiarity and age on phenomenological characteristics and neural recruitment during autobiographical memory retrieval.” Psychomusicology 26(3): 199-210

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