O que a epigenética nos ensina sobre a responsabilidade individual?

Algo que nos parecia intuitivo acabou de ser provado cientificamente pela epigenética, a revolução das ciências biológicas dos últimos 5 anos: a nossa saúde depende muito mais dos nossos comportamentos do que imaginávamos.

Até agora, a pesquisa focou a parte do DNA, que é a programação da vida específica para cada espécie, através dos genes. Essa parte representa aproximativamente 15% do total e nela acontecem mutações de forma muito lenta e progressiva como resultado, por exemplo, da seleção natural e das exigências de adaptação ao meio.

Durante algum tempo, os 85% sobrando foram chamados de “Junk DNA” como se fossem “sobras” do acúmulo de informações antigas. Os inúmeros prêmios Nobel da epigenética provaram que essa “sobra” tem o papel de regular o funcionamento dos genes no dia a dia. Essa modulação não é algo lento e demorado como as mutações que são intergeracionais, é algo que acontece em tempo real.

O mais interessante dessa descoberta é que essa modulação depende em primeiro lugar dos nossos comportamentos individuais. Quando falamos de comportamentos, falamos basicamente de 5 fatores decisivos:

  • Meio ambiente (basicamente comida, cigarros, exposição à poluição…);
  • Exercício físico;
  • Gestão do stress;
  • Visão otimista do mundo;
  • Qualidade dos relacionamentos.

Dois indivíduos ou animais que tem o mesmo patrimônio genético podem ter experiências de vida, de doenças e de saúde completamente diferentes uns dos outros, que serão o reflexo dos seus comportamentos. Cada um de nós carrega no nosso DNA muitas doenças potenciais, felizmente nem todas essas doenças vão se revelar. Isso dependerá dos comportamentos acima descritos.

Sabíamos que podíamos ter predisposições em função de antecedentes familiares, por exemplo. O que ficou claro agora é que a expressão ou não dessas características não é aleatória, depende dos nossos comportamentos. Existem até experimentos de “wave-genetics” (sobre os quais ainda não tenho opinião definitiva) que mostram que o próprio som, um laser e as palavras podem ter um efeito na programação do nosso DNA. Como exemplo disso, todas as abelhas nascem com o mesmo patrimônio genético, só que algumas vão virar rainhas, a única diferença está na alimentação, que tem como base a geleia real.

A primeira consequência disso é que somos, em parte, responsáveis pela nossa saúde. Podemos fazer ações concretas para contribuir ao nosso bem-estar e envelhecer melhor. Somos co-criadores da nossa realidade. Isso não é interessante apenas para nós, também é para a sociedade como um todo. Pode revolucionar a medicina preventiva e desafiar o paradigma atual que consiste em entregar nossa saúde para especialistas e conglomerados “big-farma” que tem uma abordagem apenas corretiva do problema que já acorreu.

Agora, temos a tendência natural de atribuir a responsabilidade destes 5 tipos de comportamentos para fatores externos, como se não dependesse de nós mesmo. Afinal, é verdade que nem sempre dá para escolher aquilo que é servido para comer e a poluição faz parte da vida urbana. Exercício físico é ótimo, mas ainda precisa de tempo para isso. O stress é a culpa dos outros e, em relação à visão do mundo e os relacionamentos, pode parecer que seja algo que já vem de fábrica.

A boa noticia é que cada um destes fatores depende de nós em primeiro lugar. Liberdade também é decidir assumir a nossa responsabilidade e focar naquilo que temos um real poder de ação: nossos comportamentos. Inclusive para os três últimos comportamentos, gestão do stress, visão do mundo otimista e qualidade dos relacionamentos, que parecem mais abstratos, existem métodos, técnicas, disciplinas que quando aplicados permitem retomar o controle deles e da nossa vida. Que tal exercitar esses comportamentos nos treinamentos da DO IT?

Abaixo, com legendas apenas em francês, Joel de Rosnay, 78 anos e cheio de vida é o exemplo vivo daquilo que ele fala.

 

 

Pin It on Pinterest