Inteligência Emocional vs Inteligência Artificial

Com o desenvolvimento da Inteligência Artificial, “AI”, cada vez mais estudiosos estão procurando modelizar os comportamentos humanos, verbais e não verbais, de tal forma a poder ensinar as máquinas. Me fascina como a era das máquinas, paradoxalmente, faz com que haja grandes investimentos e pesquisas feitas naquilo que nos torna mais humano. A AI, por exemplo, se interessa nas emoções, na arte e também na fragilidade.

O Françês Serge Tisseron, especialista deste assunto e autor do livro “Empathie et manipulations: Les pièges de la compassion” lembrava que, quando se trata de imitar emoções falsas, nada ultrapassa o próprio ser humano que, para conviver socialmente, forja emoções incessantemente em função de cada contexto, mesmo quando ele não as sente. Como comenta Amy Cuddy num dos TED mais vistos até hoje: “Fake It”, mesmo que você não esteja no humor certo, faça de conta e o humor virá! (veja a Galeria de Vídeos do blog). Aqui está inclusive o fundamento pelas terapias do riso.

Por outro lado, o que mais observo quando conduzo os seminários é a tremenda dificuldade que as pessoas têm em verbalizar suas emoções genuínas. Também constatei que quanto menos verbalizam, mais o não verbal entra em contradição, provocando mensagens contraditórias e muitas vezes contraproducentes.

No fundo, do ponto de vista do outro, importa menos o que a pessoa realmente sente e a sua intenção interna do que a intenção que ela transmite e comunica efetivamente. Por esse motivo, muitas vezes, apesar das nossas boas intenções, acabamos provocando as próprias oposições, objeções e resistências que sofremos ou ainda o afastamento do outro. Particularmente, quando estamos sob tensão e stress.

Então como colocar seu verbal e não verbal em congruência na hora de expressar suas intenções de forma a aproximar o outro?

A resposta é, além de fazer o seminário da DO IT (é claro!), uma série de comportamentos que os pesquisadores identificaram para fazer com que os seres humanos se aproximassem. A experiência relatada pela Julia Mossbridge aconteceu em Hong Kong e procurou fazer com que um robô interagisse com seres humanos com uma postura de amor incondicional.

Entre os principais comportamentos, destacam-se: perguntar e se interessar pelo outro, olhar nos olhos, escutar plenamente, acompanhar os movimentos do outro, imitar algumas de suas expressões e considerar as palavras do outro, não ter segunda intenções nem julgamento, estar aqui e agora, apenas presente. Enfim, ser um espelho da outra pessoa.

Citando o artigo em referência “Para ser um espelho perfeito para os pensamentos e sentimentos de alguém, você deve fazer, no mínimo, essas coisas: 1) deixar seus próprios pensamentos e sentimentos de lado, 2) não ter julgamentos sobre os pensamentos e sentimentos da pessoa que você está espelhando, 3) escutar atentamente a pessoa para que suas respostas verbais e não verbais correspondam ao tom e ao conteúdo do que eles estão dizendo, 4) não tentar corrigi-las e 5) aceitar quem a pessoa é no momento, ao mesmo tempo em que acredita que suas esperanças de mudança possam ser realizadas.

De acordo com eles, outro fator que contribuiu ao sucesso da experiência foi o fato do robô ser imperfeito, tanto na sua aparência física (dava para ver as engrenagens), como na sua fala (às vezes, falava coisas sem nexo). Isso porque a imperfeição e a fragilidade são humanas. Independentemente da origem da intenção (que no caso era um software), vale notar o resultado, pois a conversa com o robô despertou na maioria dos participantes sentimentos transcendentes e sentimentos de amor. E eram sentimentos reais, medidos com ações tangíveis, apesar de terem sido gerados por uma inteligência claramente artificial. Um belo exemplo da AI puxando o melhor do ser humano.

Se um robô consegue, cada um de nós também consegue aprender e exercitar comportamentos de natureza a aproximar nosso interlocutor. E, pessoalmente, ainda prefiro trabalhar com seres humanos, tem uma magia que observo quando “cai a ficha” que não trocaria por nada!

Clicar aqui para ver o artigo de referência no site AInews do Vinicius Soares

Clicar aqui para ver a Sofia no Youtube

 

Pin It on Pinterest